Autoridades das Américas reunidas em Cuba debatem combate a zika, dengue e chikungunya

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Autoridades de saúde de mais de 30 países concordaram sobre uma série de ações conjuntas para monitorar, diagnosticar e tratar um grupo de vírus transmitidos por mosquitos — como zika, dengue e chikungunya — durante reunião realizada esta semana em Havana e convocada pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e pelo Ministério de Saúde Pública de Cuba.

“Dengue, chikungunya, febre amarela e zika, com suas lamentáveis complicações como microcefalia e seus impactos sociais e econômicos, afetam principalmente as populações mais vulneráveis de nossa região”, afirmou Carissa Etienne, diretora da OPAS/OMS, ao abrir a reunião concluída nesta sexta-feira (21).

“A incidência desses vírus sobrecarrega os sistemas de saúde da região e constitui um desafio que devemos abordar de forma integrada, juntando recursos e compartilhando as experiências e boas práticas que cada país tem desenvolvido para enfrentar essas doenças”, acrescentou.

Carissa instou os delegados a chegar a um consenso sobre o roteiro que a região seguirá nos próximos meses para prevenir e controlar de maneira integrada as doenças causadas pelos vírus transmitidos por mosquitos.

Essas ações implementarão a estratégia para abordar os vírus nas Américas, aprovada por ministros da Saúde da região no 55º Conselho Diretivo da OPAS, realizado este mês.

Atualmente, existem poucas vacinas disponíveis para prevenir doenças transmitidas por mosquitos. A nova estratégia recomenda a adoção de esforços de prevenção e controle, a fim de reduzir as populações de mosquitos, garantir diagnósticos clínicos corretos e oportunos, além de fortalecer a vigilância epidemiológica integrada e a rede de laboratórios.

Para um melhor controle, as comunidades devem se envolver ativamente na tarefa de eliminar os criadouros de mosquitos.

Situação nas Américas

“Temos mais de 500 milhões de pessoas vivendo em áreas das Américas onde há risco de infecção por zika, dengue ou chikungunya pela presença do mosquito Aedes aegypti, que transmite essas doenças”, explicou Sylvain Aldighieri, diretor adjunto interino do Departamento de Emergências de Saúde da OPAS/OMS.
Entre os desafios, ele destacou a possibilidade de que “velhos inimigos conhecidos”, como a febre amarela, sejam reintroduzidos em zonas urbanas devido à presença do mosquito transmissor.

O diretor adjunto da OPAS lembrou que a dengue infecta quase 2 milhões de pessoas a cada ano na região, havendo risco de morte do paciente quando a doença não é detectada a tempo. Existem ainda muitas questões pendentes em relação ao chikungunya e suas consequências no longo prazo, assim como seu potencial de levar um número reduzido de pacientes à morte.

No caso do zika, Aldighieri explicou que todas as sub-regiões das Américas têm relatado casos de microcefalia e outras malformações associadas à síndrome congênita do vírus. No entanto, ainda há muito a ser aprendido sobre as consequências dessa síndrome, que afeta os bebês de mulheres infectadas.

Com base em experiências sobre zika, Aldighieri afirmou que os países da região precisam permanecer em alerta quanto aos outros vírus em circulação, incluindo o mayaro e oropouche, que podem apresentar novos desafios.

Ministros compartilham experiências

O ministro de Saúde Pública de Cuba, Roberto Ojeda, destacou que a reunião de autoridades regionais “demonstra a preocupação para enfrentar” os vírus transmitidos por mosquitos de forma conjunta, permitindo “estreitar laços de fraternidade no campo da saúde em um contexto em que há cada vez mais diferenças entre países ricos e pobres”.

Ojeda relatou a experiência de seu país no combate à dengue desde a década de 1980, por meio de uma estratégia que integrou o controle vetorial e a organização de cuidados médicos, servindo também para abordar outros vírus que vieram posteriormente, como o zika.

A secretária de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Sylvia Mathews Burwell, disse que “não há prioridade maior” que controlar o zika e outros vírus transmitidos por mosquitos.

Segundo ela, a “inação não é uma opção”, descrevendo ações adotadas pelos EUA, que vão desde a comunicação de riscos para a população e pesquisas focadas em uma nova vacina até o fornecimento de recursos para os estados afetados, especialmente Flórida e Porto Rico. Esta foi a primeira visita de Sylvia a Cuba desde que o governo norte-americano renovou as relações diplomáticas com a ilha.

A ministra da Saúde de Honduras, Yolani Batres, defendeu a “formulação de um plano que integre todos” no combate aos vírus, mas que ao mesmo tempo permita aos países respeitar sua individualidade.

Já o ministro da Saúde de Barbados, John Boyce, descreveu como seu país acompanhou os casos de zika e intensificou o controle vetorial em áreas onde os pacientes infectados foram identificados. O ministro da Saúde da Guiana, George Norton, por sua vez, discutiu os desafios do país no combate ao zika. Representantes de Brasil, Colômbia, El Salvador e outros países também compartilharam suas experiências.

Os delegados de mais de 30 países que participam do encontro buscaram consenso sobre ações para melhorar a vigilância epidemiológica do zika e outros arbovírus, assim como o manejo clínico dos distintos vírus transmitidos por mosquitos.

Os delegados também estão fazendo um intercâmbio de experiências e propostas para abordar o controle e a eliminação dos mosquitos e buscarão fortalecer as redes de laboratórios para vigilância, detecção e diagnóstico dos vírus transmitidos por mosquitos.

Fonte: Onu Brasil
Foto: UNICEF/BRZ/Ueslei Marcelino


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