Gestão de Resíduos Sólidos em Condomínios Residenciais

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A Gestão de Resíduos Sólidos em Condomínios Residenciais configura-se como um conjunto de ações que visam identificar os tipos de resíduos e aplicar métodos de separação para sua destinação final ambientalmente adequada.

Estas ações trazem benefícios que vão desde a qualidade ambiental dos espaços, até obtenção de ganhos expressivos, por meio da comercialização dos recicláveis e adesão a programas sociais e ambientais, o que confere certificação ambiental para os empreendimentos e qualidade de vida para os moradores.

Todas as atividades humanas geram resíduos e a gestão e o gerenciamento destes resíduos configura-se como uma atividade bastante complexa, dada a evolução nos materiais dos quais são constituídos os produtos e as mudanças constantes no padrão de consumo da sociedade.

A urbanização tem se tornado, com o passar do tempo, uma intricada rede social, com múltiplos espaços, onde diversas pessoas, das mais variadas esferas sociais residem, desenvolvem suas atividades laborais, culturais, religiosas e interagem de diversos modos. Esses espaços apresentam um diversificado fluxo de materiais, sejam oriundos das atividades humanas, seja do próprio desenvolvimento urbano.

O gráfico a seguir demonstra a evolução da taxa de urbanização no Brasil no período de 1940 a 2010 (Fonte: IBGE 2016). O aumento da urbanização, associada à limitação de território de algumas cidades induz ao incremento de moradias dos tipos condomínios residenciais.

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O setor imobiliário é um setor multifacetado da sociedade. Existem diversas estruturas que abrigam diversas pessoas com os mais diversos padrões de consumo, realizando diversos tipos de atividades. Esta diversidade contribui para a heterogeneidade dos resíduos gerados nestes locais.

Os condomínios residenciais são organizados de diversas maneiras, podendo ser composto por casas, vilages ou apartamentos. Nestes locais pode-se gerar uma grande quantidade de resíduos plásticos, papel/papelão, metais ferrosos e não ferrosos, PET, além de uma expressiva quantidade de resíduos orgânicos.

No município de Salvador-BA, a geração de resíduos domiciliares urbanos apresenta-se bastante heterogênea, porém com grandes volumes de resíduos recicláveis. De acordo com o Plano Básico de Limpeza Urbana do município, dos resíduos gerados em condomínios de alto padrão, 42,29% é composto de recicláveis. Já para os condomínios de padrão médio (a grande maioria dos empreendimentos), 49,51% são recicláveis.

A tabela a seguir traz a porcentagem da composição dos resíduos gerados nestes empreendimentos.

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É importante lembrar que, por se tratar de resíduos domiciliares urbanos, grande parte da porção dos resíduos é composta por matéria orgânica. Este fato pode indicar um grande potencial de aproveitamento energético para estes resíduos, visto que podem ser convertidos em biocombustíveis, além de adubo orgânico utilizado como insumo para paisagismo e jardinagem, além de hortas comunitárias no próprio condomínio.

Estudos demonstram a viabilidade econômica e ambiental dos biodigestores domésticos para tratamento dos resíduos sólidos orgânicos, vide modelo proposto por Nazaro & Nogueira (2015).

Benefícios da Gestão dos Resíduos Sólidos

Vantagem Competitiva
Uma grande parcela dos condomínios e edifícios já possuem CNPJ, o que confere uma identidade empresarial ao imóvel, e como tal deve estar conectado com o mercado imobiliário, criando vantagens competitivas que agregam valor ao imóvel. Um condomínio ou edifício que se destaca na criação de valores tem uma vantagem na venda e aluguel de imóveis.

O valor de um imóvel pode ser traduzido como o preço que as pessoas estão dispostas a pagar por ele, considerando suas percepções das vantagens adquiridas com este bem. Os valores podem ser inerentes ao imóvel como estruturas físicas e instalações, além disso podem ser externas ao imóvel como qualidade do ar e da água, vizinhança, poluição, dentre outros (Vieira & Farias, 2014).

IPTU Verde Salvador
A prefeitura de Salvador, por meio do decreto 25.899 de 24 de março de 2015, incentiva a adoção de medidas ambientalmente sustentáveis, por meio de descontos no IPTU e certificação de imóveis que adotem tais iniciativas. Dentre as iniciativas determinadas pela prefeitura encontra-se a gestão dos resíduos Sólidos, através da implantação da coleta seletiva e redução de geração de resíduos, por meio da compostagem ou biodigestão dos resíduos orgânicos, dentre outras ações.

Projeto Vale Luz da Coelba
O Vale Luz é um projeto itinerante da Coelba que prevê a troca de resíduos sólidos por descontos na conta de energia. Tem o objetivo de estimular o uso racional dos recursos naturais e minimizar os impactos negativos causados pelos resíduos no meio ambiente, estimulando a reciclagem. Para participar, o cliente deverá doar o material reciclável, o qual será devidamente pesado.

Após o cadastro, cada cliente receberá um cartão Vale Luz para registrar seus descontos na conta de energia. São aceitos para reciclagem metal, papel, papelão e plásticos, que não podem estar sujos ou molhados. No caso das latas de alumínio, devem estar sem areia, pedra ou materiais que comprometam a pesagem

Para que tais resíduos estejam em condições de reutilização ou comercialização, os mesmos devem ser manejados de modo a evitar contaminação. Dessa forma, é de suma importância que o gerenciamento dos resíduos oriundos destas localidades seja eficiente, garantindo a eficácia do processo e atendimento a legislações que regulam o setor. Esta eficiência é garantida pela coleta seletiva.

PGRS na prática

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS é considerado a carta de princípios da gestão dos resíduos sólidos. Isso porque é ele quem vai trazer o diagnóstico dos resíduos gerados, bem como instruções de segregação correta e destinação final ambientalmente adequada para os resíduos.

Este documento deverá ser elaborado em conjunto com a administração do condomínio, sempre consultando os condôminos acerca de decisões a serem tomadas. A imagem a seguir demonstra um fluxograma das ações a serem tomadas na elaboração e implementação do PGRS.

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Para elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos eficaz é necessário seguir um roteiro específico de ações que objetivem a identificação dos resíduos gerados e determinem a destinação final correta para tais resíduos. O PGRS deve conter orçamento detalhado para implementação do referido plano, considerando as soluções propostas como sendo aquelas de baixo custo e maior efetividade em sua aplicação.

As ações propostas no PGRS devem ser executadas de forma integral e universal, por todos os moradores, visitantes, pessoal de apoio e qualquer um que de alguma forma transite pelo local. Em suma, a gestão dos resíduos pretende dar suporte a uma conduta que exige a participação de todos e fiscalização intensa, pois más condutas poderão por em risco a qualidade dos resíduos, comprometendo sua comercialização ou reutilização.

O PGRS também traz peças informativas (panfletos, cartazes, placas…), modelos de sinalização e locais para disposição de resíduos, além disso orienta de forma prática como deverá ser conduzida a educação ambiental de forma continuada.

A implementação do PGRS é a parte mais custosa da gestão dos resíduos, entretanto, conseguir implementá-lo de forma satisfatória garante o retorno do investimento em pouco tempo, por meio da comercialização de resíduos recicláveis. Para por em prática a gestão dos resíduos sólidos é necessário que sejam realizadas avaliações periódicas estabelecendo indicadores de desempenho e conferindo responsabilidades aos executantes das atividades de manejo.

O manejo correto dos resíduos permite que seja aproveitado todo o material, agregando valor de comercio aos mesmos. Esta atividade não se restringe apenas aos colaboradores de serviços gerais. Na verdade ela começa com o descarte pós consumo de materiais que seriam jogados no lixo.

É importante que se atente para o manejo, pois alguns resíduos para serem comercializados devem estar livres de contaminantes como óleos, tintas, particulados (areia, restos de comida…) etc.

Vale ressaltar que é importante a realização de palestras, treinamentos e workshops com todos os responsáveis pelo manejo dos resíduos, sejam moradores ou usuários do imóvel em geral, de modo a garantir que todos possam identificar os resíduos de acordo com padrões de classificação, além de segregá-los e destiná-los de maneira adequada.

Da mesma maneira, é importante que o imóvel disponha de um local adequado para armazenamento temporário dos resíduos, assim como lixeiras de coleta seletiva devidamente sinalizadas. Os resíduos perigosos, como pilhas, lampadas e outros deverão ser devidamente separados e enviados para seus fabricantes por meio da cadeia de logística reversa. Assim, os resíduos enviados para o aterro sanitário são aqueles gerados no banheiro ou com presença de possíveis contaminantes, como curativos e restos de alimentos contaminados.

Fonte: Portal Residuos Solidos


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