Pouco mais de 55% dos 7,6 bilhões de habitantes do planeta vivem em áreas urbanas. Em 2050, serão 66%. Antes disso, em 2030, 41 megalópoles no mundo terão mais de 10 milhões de moradores. No Brasil, os centros urbanos concentram 85% da população e chegarão a 90% em 2030.

Esses indicadores mostram como as cidades estão submetidas à pressão da migração, com demandas cada vez mais intensas por infraestrutura, serviços, emprego e renda, recursos naturais – em resumo, qualidade de vida. Há um consenso na maior parte dos países que, para atender às necessidades crescentes da população e preservar o planeta, as cidades terão de encontrar um novo modelo de desenvolvimento, ancorado na sustentabilidade, integrando aspectos sociais, econômicos e ambientais.

Não é à toa, portanto, que um dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas seja Cidades e Comunidades Sustentáveis, com a meta global de “tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”.

Secretário-executivo da ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo diz que o Brasil – e a maior parte do mundo – estão longe de alcançar uma sociedade totalmente sustentável, mas destaca que iniciativas municipais em diversas áreas têm sido fundamentais para a prevenção e redução de danos. A ICLEI é uma rede formada por 1.500 governos locais espalhados em todos os continentes que têm como objetivo comum encontrar soluções para um futuro mais sustentável.

Perpétuo foi um dos participantes do seminário Brasil Futuro, que discutiu os desafios da sustentabilidade e o engajamento do país no cumprimento das ODS no último dia 21. Patrocinado pela MRV Engenharia, o encontro abordou como o país, em especial as lideranças empresariais, estão se preparando para cumprir os ODS definidos no plano de ação da ONU lançado em 2015.

“Uma cidade sustentável respeita o meio ambiente, tem foco no social e é economicamente viável. Na vizinhança dos empreendimentos, a MRV tem ações de saneamento, educação, segurança e energia limpa. Com isso, a gente contribui para a ideia da cidade sustentável. Uma iniciativa influencia a outra e você vai contaminando aquela vizinhança com a ideia de uma sociedade mais sustentável”, diz Raphael Rocha Lafetá, diretor do Instituto MRV.

Iniciativas

Em 2018, a MRV Engenharia assinou o Pacto Global da ONU e se engajou no cumprimento dos ODS. Nesse sentido, o projeto mais recente da empresa é o MRV SIM (Sustentabilidade, Inovação e Mobilidade). Este programa é voltado para o desenvolvimento de meios transporte compartilhados e alternativos. O início do programa se deu com o projeto do Carro Elétrico Compartilhado disponibilizado para os moradores do primeiro empreendimento com energia solar fotovoltaica na modalidade de múltiplas unidades consumidoras de energia. Essa operação tem duração de 3 meses e será estendida para outros empreendimentos na cidade de São Paulo para que esse seja difundido e outros moradores tenham acesso ao veículo elétrico.

Projeto Carro Elétrico Compartilhado será estendido para outros empreendimentos em São Paulo Foto: Divulgação
Projeto Carro Elétrico Compartilhado será estendido para outros empreendimentos em São Paulo Foto: Divulgação

Outra iniciativa da empresa para a construção de cidades mais sustentáveis é a utilização de energia limpa em seus empreendimentos. Todas as novas construções iniciadas a partir de 2018 têm sistema de captação de energia solar fotovoltaica. Em 2022, todas as unidades habitacionais entregues pela empresa terão esse tipo de tecnologia.

Desenvolvimento social

Além das questões ambientais, a construtora segue o princípio de que redução da pobreza e inclusão social são aspectos cruciais para uma cidade sustentável e desenvolve programas como a alfabetização de colaboradores e moradores da vizinhança. Em um vídeo sobre o programa Escola Nota 10, exibido no seminário, o operário Raimundo Soares descreveu a sensação de aprender a ler e escrever depois de adulto. “Eu tinha um vazio dentro de mim. Foi uma luz que se abriu no horizonte. Hoje eu enxergo mais as coisas”, contou.

Na definição do gestor executivo de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA) da MRV, José Luiz Esteves, a sustentabilidade não é apenas uma tendência, mas parte central da estratégia empresarial. Se não é possível transformar toda a cidade, pelo menos o bairro dos empreendimentos, diz Esteves, pode seguir o caminho do desenvolvimento sustentável e, para isso, o diálogo com as comunidades é essencial.

“A empresa que não conversar com a vizinhança terá mais dificuldade. Nós precisamos ouvir os moradores das comunidades. O que eu acho importante pode não ser para eles. Para nós, a sustentabilidade é um caminho sem volta. Fazer a diferença está no core business da empresa”, afirma Esteves.


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