Antes mesmo de Jair Bolsonaro se tornar presidente eleito com um discurso de aproximação com Israel, governos estaduais alinhados tanto à direita quanto à esquerda já articulam contratos ambiciosos de compra de tecnologia do país judeu.

As negociações abrangem desde a aquisição de dessalinizadores a equipamentos de segurança, como armas e drones –tecnologias pelas quais a nação é conhecida e que geram extensos debates acerca de seu uso entre os defensores dos direitos humanos. A expectativa é que esses contratos sejam assinados no começo de 2019, impulsionados pelo discurso pró-Israel do governo federal.

Desde a campanha presidencial, Bolsonaro e seus aliados têm promovido um alinhamento com o governo israelense, a fim de agradar a base evangélica do eleitorado e na tentativa de mimetizar os passos do presidente norte-americano, Donald Trump.

Entre os acenos feitos, está a controversa intenção de mudar a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. A polêmica vem do agrado para israelenses, enquanto se descontentam os vizinhos árabes, com os quais temos relações comerciais mais intensas.

Atualmente, o Brasil registra déficit comercial com Israel e superávit com os países árabes. A aproximação com Israel é vista com receio por alguns setores, como os produtores de carne bovina e de frango, que temem uma retaliação de seus principais importadores.

Alheios a essa polêmica, estados como Bahia, Maranhão e Rio de Janeiro têm caminhado para negociações com o país.

Governador reeleito da Bahia, Rui Costa (PT) esteve em Israel em novembro, em busca de parcerias na área de segurança pública. Comitivas maranhenses, por sua vez, foram duas vezes ao país neste ano, avaliando a compra de dessalinizadores de água e tecnologia de segurança para o estado governado por Flávio Dino, do PCdoB. Já o governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), esteve em Israel na semana passada tendo em foco a compra de drones equipados com armas.

Na Bahia, houve protestos contra acordo

A Bahia debate desde o começo do ano relações bilaterais com Israel nas áreas de inovação tecnológica, agricultura e recursos hídricos. 

Em abril, o embaixador israelense no Brasil, Yossi Shelley, esteve no estado e se reuniu com representantes de diversas secretarias, além de Rui Costa. Em novembro, foi a vez de Costa ir a Israel. 

O governador participou de uma feira de cibersegurança, onde conversou com representantes das empresas Globe Keeper, Sayvu e Cellebrite, especializadas em comunicação criptografada. Durante a viagem, visitou também parques de dessalinização da Mekorot –empresa nacional de água de Israel e referência no setor. 


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