OIT apoia programas de capacitação no Mato Grosso para combater trabalho forçado

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Projeto Ação Integrada leva educação e qualificação profissional para vítimas ou pessoas vulneráveis ao aliciamento pelo trabalho escravo. Objetivo é romper ciclo de exploração e promover oportunidades de uma vida digna.

Em abril, 14 jovens aprendizes do Mato Grosso concluíram um curso profissionalizante promovido pelo projeto Ação Integrada – iniciativa que conta com o apoio técnico e institucional da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para levar educação a vítimas ou pessoas vulneráveis ao trabalho escravo.

O projeto, desenvolvido desde 2009, é fruto de uma parceria do Ministério Público do Trabalho e da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no estado e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

A turma recém-formada concluiu uma capacitação em Mecanização Agrícola, possibilitada por uma parceria do Ação Integrada com o programa Campo Aprendiz, do Sistema Nacional de Aprendizagem.

Com a o curso, os alunos de 18 a 24 anos tiveram a oportunidade de obter uma formação técnico-profissional, que incluiu matérias sobre gestão empreendedora e cidadania, bem como noções de informática, saúde e segurança no trabalho, direitos e deveres trabalhistas e primeiros socorros. Dos 14 aprendizes, dez saem empregados pelos grupos Bom Futuro e Amaggi.

Além de cumprirem uma carga horária voltada ao avanço do nível de escolaridade, com aulas de reforço, a qualificação profissional dos alunos incluiu estadia na fazenda experimental da UFMT, em Santo Antônio de Leverger, para um aprendizado teórico e uma parte prática realizada já nas fazendas das empresas contratantes.

“Nós identificamos um público de trabalhadores que se encontrava em condições vulneráveis ao trabalho escravo ou exercendo atividades que os deixavam mais vulneráveis”, explica o coordenador-executivo do Ação Integrada, Pablo Friedrich, sobre o processo de escolha dos aprendizes que participaram do curso.

“Parte dessa mão de obra do projeto vem, por exemplo, de Nortelândia, onde existem algumas pedreiras, de Acorizal, onde a comunidade está bem vulnerável e corre riscos, com muitos trabalhadores fazendo limpeza de pasto, por exemplo, ou em Rosário Oeste, onde alguns deles faziam perfuração de poços artesianos.”

A partir de informações das Secretarias de Assistência Social, Centro de Referência de Assistência Social e Centro de Referência Especializado de Assistência Social, o Ação Integrada realizou ações de abordagem da população considerada vulnerável a eventual aliciamento ou exploração em trabalho análogo à condição de escravo. Dessa forma, foram mapeados os trabalhadores que seriam beneficiados pelo projeto.

Segundo Friedrich, os jovens relataram durante o processo as suas aspirações profissionais e, com base nisso, entidades e empresas foram procuradas para participar e contribuir com o Ação Integrada.

“Damos esse atendimento visando impedir que esses trabalhadores sejam vítimas desse trabalho degradante e tenham que ser resgatados no futuro”, pontua.

Durante a cerimônia de conclusão do curso, o oficial de projetos da OIT, Antônio Mello, elogiou a persistência dos jovens e a decisão de investirem no futuro e agarrarem-se à oportunidade de qualificarem-se profissionalmente.

“Celebro com vocês a coragem que tiveram de ficar, de fazer esse processo de transformação, de aprendizagem, e gostaria de motivá-los a continuar sonhando. Sonhem mais, busquem mais, porque é com treinamento, com capacitação, com a capacidade de sonhar que vocês vão vencer muitos outros desafios.”

Projeto é alternativa de vida para vítimas

Wellington Diogo Leopice, de 23 anos, é natural de Nortelândia e participou do curso profissionalizante. Ele e seu irmão gêmeo, Everton Diego Leopice, hoje empregados em uma fazenda em Sapezal, a cerca de 480 km de Cuiabá, participaram do Ação Integrada para buscar uma alternativa de vida.

O jovem conta que foi levado a trabalhar aos 11 anos de idade para ajudar os pais. Animado com o certificado, ele acredita que muitas portas serão abertas. “Sempre é bem-vinda uma qualificação e ter um emprego garantido nos dias de hoje é muito gratificante.”

Fonte: ONU Brasil

Foto: Portal Brasil


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