Alimentação tem importante papel na resolução de conflitos, afirma chefe da FAO

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Ações para promover a segurança alimentar podem ajudar a evitar crises, mitigar seu impacto e promover a recuperação posterior, segundo o diretor-geral da agência de alimentos e agricultura da ONU.

Melhorar a segurança alimentar pode ajudar a construir uma paz sustentável, e inclusive evitar possíveis conflitos, disse na terça-feira (29) o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, aos membros do Conselho de Segurança da ONU.

“Sabemos que as ações para promover a segurança alimentar podem ajudar a evitar as crises, mitigar seu impacto e promover a recuperação posterior”, declarou.

Os conflitos são um fator-chave nas crises prolongadas, onde há três vezes mais probabilidades de casos de fome, enquanto que países com níveis mais altos de insegurança alimentar são também os mais afetados por conflitos. Essas informações podem ser confirmadas por casos de países como Síria, Iêmen, Sudão do Sul e Somália.

Graziano da Silva citou a situação pós-conflito de Angola e Nicarágua, de Ruanda depois do genocídio e a do Timor-Leste após a independência como casos em que a paz e a segurança alimentar se reforçam mutuamente. O contrário pode também ocorrer, o que leva a um recrudescimento da violência.

Ações que a FAO pode promover

O fracasso para impulsionar a segurança alimentar pode colocar em perigo os processos de estabilização, um risco enfrentado atualmente pelo Iêmen e pela República Centro-Africana, onde metade da população sofre com insegurança alimentar, advertiu Graziano da Silva.

A ajuda para alcançar a segurança alimentar pode ser empregada inclusive durante os conflitos, completou, afirmando que o impulso final da FAO para eliminar a peste bovina – uma doença fatal que afeta o gado – foi realizado em meio à guerra e precisou de uma abordagem que permitisse aos trabalhadores de saúde animal ter acesso ao gado.

A Síria é outro exemplo. Atualmente, muitos agricultores abandonaram suas terras, mas os que ficaram conseguem obter quase dois terços de sua produção de trigo de antes da crise, ajudados pelas sementes distribuídas pela FAO. Mesmo que ainda seja insuficiente, “foi fundamental para evitar um maior deslocamento (de populações) e para assentar as bases para a reconstrução do país”, disse Graziano da Silva.

Promover o desenvolvimento rural pode também facilitar os esforços de construção da paz. A FAO fechou acordo de associação com o governo da Colômbia para projetos de execução rápida para melhorar a segurança alimentar e o desenvolvimento rural em um esforço para consolidar o tratado de paz que parece próximo no país latino-americano.

Os esforços internacionais a favor da paz serão mais efetivos se incluírem medidas para impulsionar a resiliência das famílias e comunidades rurais, já que são elas que sofrem com a maior parte dos danos causados pelos conflitos contemporâneos. “Onde a segurança alimentar pode ser um elemento para a estabilidade, temos que considerar a alimentação e a agricultura como vias para se conseguir a paz e a segurança”, disse.

O diretor-geral da FAO afirmou também que “os esforços para apoiar a agricultura e os meios de vida rurais podem ser uma razão para aproximar as pessoas depois de um conflito, e oferecem ‘dividendos’, contribuindo para a sustentabilidade da paz”.

O evento de terça-feira foi organizado pelo governo de Angola, que ocupa a presidência do Conselho de Segurança em março, e pelo governo da Espanha, que atualmente também é membro do Conselho.

A reunião do Conselho de Segurança foi convocada sob a “Fórmula Arria”, um método de trabalho introduzido há 25 anos utilizado para tratar de temas relacionados à paz e ao desenvolvimento e que permite aos membros aproveitar a experiência e a informação de terceiros.

 

Fonte: ONU Brasil

Foto: ACNUR / H. Caux


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